Convivência Familiar e Autorregulação

Por Leila Maria Catão

"Fazer com que as crianças se sintam seguras em todos os aspectos – física, emocional e socialmente – fornece a base para seu bem-estar mental, social e emocional." Dr Stuart Shanker.

A convivência familiar tende a ser desgastante. Num bom "autorregulês" podemos dizer que o dia a dia da família apresenta vários estressores nos domínios social, pró-social, emocional e até mesmo nos domínios cognitivo e biológico. Como explica o Dr. Stuart Shanker em um de seus posts na plataforma X:

"A autorregulação nos mostra que o estresse é multifacetado e pode surgir em áreas que não costumamos associar ao estresse." (Disponível em: https://x.com/StuartShanker/status/972472220814594049)

Para citar alguns exemplos de estressores em cada domínio:

• Domínio Social - Lidar com a diferença de demandas e personalidades dentro do lar;

• Domínio pró-social - ver um membro da família lidando com alguma dificuldade sem poder ajudá-lo;

• Domínio emocional - medos e ansiedades da maternidade/paternidade, só para ser econômica;

• Domínio cognitivo - aprender a ser mãe ou pai daquela criança, naquela fase específica da vida para depois ter que aprender tudo outra vez porque eles mudam o tempo todo!

• Domínio biológico - cuidar de um ser humano demanda muita, muita energia!

Diante de tantos estressores, a terceira prática da autorregulação, que consiste em REDUZIR o estresse, se torna fundamental para uma convivência mais harmoniosa.

"Fazer com que as crianças se sintam seguras em todos os aspectos – física, emocional e socialmente – fornece a base para seu bem-estar mental, social e emocional." (Dr. Stuart Shanker. Disponível em: https://self-reg.ca/self-reg-for-parents/)

A forma como nos comunicamos em família pode tanto aumentar o estresse quanto promover a RESTAURAÇÃO da energia, que é a quinta prática da autorregulação, segundo Shanker.

Usar palavras respeitosas na comunicação do casal e no trato com os filhos é algo que aumenta a sensação de segurança nas crianças, gera mais momentos gostosos na convivência e melhora a atmosfera da casa. Dessa forma o dia a dia fica mais leve e as rotinas se estabelecem de forma mais calma.

Não falamos aqui de uma comunicação vazia ou artificial, mas sim de um cuidado íntimo de pais e mães consigo mesmos, atentos a seus momentos de explosão e atuando em conjunto antes que o caos se estabeleça. Como pais, precisamos aprender a reconhecer nossos momentos de estresse e a criar formas de voltar à calma antes de estourar com nossos filhos, tornando assim, o ambiente de casa mais agradável.

Saber que podemos voltar para casa e encontrar um ambiente acolhedor já REDUZ um estressor em nosso dia. E se isso se torna uma prática constante, a casa vira uma lugar de RESTAURAÇÃO. Onde há cuidado na fala e nas brincadeiras, há respeito e o respeito é uma forma de REDUÇÃO dos estressores tanto entre o casal quanto na relação com os filhos.

Daí a fala mais alterada fica reservada para os momentos de estresse (tipo, quando passamos da conta) ou para as horas mais que necessárias de comunicar com firmeza que eles (nossos filhos) passaram da conta!

E se a família estiver atenta às 5 práticas da autorregulação (Dr. Stuart Shanker) fica mais fácil de RESSIGNIFICAR (1ª prática a autorregulação, Dr. Stuart Shanker) e entender aqueles comportamentos de estresse que precisam mais de acolhimento e cuidado do que uma "resposta violenta" à altura.

Ao adotar as práticas da autorregulação, as famílias podem criar um ambiente mais tranquilo e acolhedor, onde todos se sintam seguros e valorizados."